A origem da Festa do Doce está intimamente ligada à figura de Leopoldina Maria do Espírito Santo, uma mulher devota e generosa que, após as orações na antiga capela local, distribuía doces caseiros à população. Com seus potinhos nas mãos, os moradores já sabiam: após as rezas, era hora de saborear os quitutes que Leopoldina preparava com tanto carinho. Assim nascia uma tradição que viria a atravessar décadas.
Tudo começou com a morte de um morador solitário chamado Fortunato, que após uma ida ao centro da cidade, caiu em uma rua estreita e faleceu no local. Sem cemitério na cidade, seu corpo foi levado a Mogi das Cruzes. Comovida, dona Leopoldina ergueu uma cruz no local da morte e passou a rezar todo quarto domingo, próximo ao dia 3 de maio — data do falecimento. A devoção, aos poucos, ganhou o apoio da comunidade.
Em 1940, a fé se materializou na construção da Capela de Santa Cruz, feita inicialmente de pau-a-pique e coberta por sapê. A estrutura simples foi sendo modernizada ao longo dos anos, e o número de devotos crescia. Com uma lata de doces nos braços, Leopoldina continuava seu gesto de carinho com os presentes, até que adoeceu e passou o bastão para dona Benedita Gomes, garantindo que nunca faltaria ajuda para manter a tradição.
Benedita, por sua vez, contou com o apoio de sua filha Carmelita e das mulheres da irmandade para levar adiante a missão. Com o tempo, a festa passou a ser conhecida como a “Festa do Fortunato”, e hoje é uma verdadeira herança cultural. A data da celebração foi oficialmente transferida para o feriado de 1º de maio por iniciativa do Frei Gabriel Haamberg, facilitando a participação de moradores e visitantes da região do Alto Tietê.
Amanhã, mais uma vez, a cidade se reúne para honrar essa bela história. A Festa do Doce acontece das 13h às 17h, na Avenida Maria José de Siqueira Melo, em frente à Escola Adhemar Bolina. Se você nunca participou, esta é a hora de conhecer de perto uma das manifestações culturais mais doces — no sentido literal e simbólico — de Biritiba Mirim.